Empresas aderem às corridas virtuais para engajar funcionários e incentivar atividades físicas durante a pandemia

Com a pandemia da Covid-19, grande parte das empresas adotou o home office como formato de trabalho, trazendo desafios para promover o engajamento da equipe. Ao mesmo tempo, a necessidade de isolamento social aumentou o sedentarismo, comprometendo a saúde física e mental dos profissionais. Nesse cenário, os clubes de corridas virtuais foram uma das estratégias encontradas para manter os funcionários motivados e fisicamente ativos.

A UniRun – Universidade da Corrida, sediada em Jundiaí, no interior paulista, já atuava com clubes de corridas corporativos e foi uma das pioneiras no país a adaptar o formato para corridas virtuais logo no início da pandemia. A primeira edição de uma corrida virtual promovida pela UniRun aconteceu em maio de 2020 com a participação de 60 pessoas. Ao final do ano passado, as corridas já somavam mais de 1.000 participantes. Até o final deste ano, devem bater a marca de 5.000 corredores.

As empresas que querem promover uma corrida virtual podem escolher o tipo de desafio, como corrida com um percurso curto ou longo, maratona de revezamento, caminhada, inclusive com familiares e cachorros, entre outros. Todo o evento é organizado pela plataforma www.unirun.com.br, na qual os participantes fazem a inscrição e, depois, enviam os resultados.

A prova tem duração de 48 horas, assim, cada corredor escolhe o melhor momento para realizá-la e também o local do trajeto, por exemplo, em um parque, no próprio bairro onde reside ou até mesmo em uma esteira ergométrica de sua residência e/ou clube. É preciso comprovar a conclusão da prova e o tempo que levou para cumpri-la por meio de aplicativos; o que possibilita a formação do ranking e a premiação dos primeiros colocados.

O formato tem se mostrado um sucesso e desde o início vem conquistando a adesão tanto de empresas de pequeno e médio porte quanto multinacionais, como a empresa alemã WAGO, além do Instituto Stop Hunger Brasil – que é uma organização da sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos, mantida pela multinacional francesa Sodexo.

“A WAGO fez questão de patrocinar as corridas virtuais promovidas pela UniRun em 2020, pois enxergamos ali uma excelente oportunidade de promover a saúde e o bem-estar dos funcionários, não só pela atividade física, mas também de uma forma emocional. Através de grupos de aplicativo de celular, os funcionários mantiveram contato e se incentivavam mutuamente nas atividades. Em um momento de isolamento, essas ações que envolvem socialização, mesmo que de forma remota, fazem grande diferença”, destaca Marcos Salmi, diretor geral da WAGO Brasil.

“O Instituto Stop Hunger, além de fomentar com o parceiro UniRun a prática de atividades físicas em prol da assistência emergencial, também promove seu próprio incentivo a ‘Corrida e Caminhada Stop Hunger’, que tem por objetivo beneficiar pessoas em situações de vulnerabilidade de mais de 120 ONGs cadastradas em diversas regiões do país”, reforça Davi Barreto, superintendente do Instituto Stop Hunger.

Julina Oruê, fundadora da UniRun e pesquisadora do GEPEN – Grupo de Estudos em Psicologia do Esporte e Neurociências da Unicamp, afirma que a dedicação a um esporte faz com que a pessoa se sinta menos cansada e, quando o corpo e a mente são renovados, a disposição para o trabalho e para enfrentar os desafios se torna bem maior. “Inúmeras pesquisas apontam que funcionários que praticam exercícios físicos costumam faltar menos ao trabalho por problemas de saúde e, além disso, apresentam melhoria na produtividade”, afirma.

No período que antecede as corridas, a UniRun apoia as empresas, fornecendo dicas online sobre preparo físico, alimentação, roupas adequadas, entre outros. Geralmente são desenvolvidos kits, contendo camisetas, máscaras e medalhas, que podem ser enviados para as casas dos participantes, entregues nas empresas ou ainda ficar disponíveis em pontos de retirada, mantendo assim os protocolos de prevenção à Covid-19.

A UniRun também oferece às empresas interessadas todo o preparo técnico para treinar os corredores. Para isso, conta com uma equipe multidisciplinar formada por médico, nutricionista, fisioterapeuta, dentista, professor de educação física e psicólogo.

“Antes da pandemia, nossos clubes de corridas corporativos também contavam com viagens tanto no Brasil quanto no exterior, o que costuma ser visto como um grande incentivo para a dedicação dos funcionários”, declara Juliana.

Além de eventos exclusivos para uma única companhia, a UniRun promove suas próprias corridas e diversas empresas participam por meio de cotas de patrocínio, inclusive escolhendo custear as inscrições de forma total ou parcial, deixando o funcionário arcar com parte do valor. É muito comum que os eventos sejam atrelados a datas comemorativas ou ações sociais.

Empreendedorismo e inovação para driblar desafios da pandemia

A UniRun – Universidade de Corrida – foi fundada em 2019, idealizada pela especialista em corridas Juliana Oruê, que desde 2010 atuava como running coach na cidade de Jundiaí, no interior paulista. A ideia em oferecer o clube de corrida para o mundo corporativo aconteceu após uma viagem que ela fez para a Alemanha em setembro de 2018, quando treinou, capacitou e levou um grupo de alunos para participarem da maratona de Berlim, uma das seis maiores do mundo.

“Pouco antes da viagem, eu havia feito um curso para mulheres empreendedoras e durante a preparação para a maratona de Berlim, percebi o quanto os alunos ficaram motivados e se empenharam. Quando voltei, tive a certeza de que a metodologia dos clubes de corridas poderia ser levada para dentro das empresas, com o objetivo de impactar positivamente a saúde, a qualidade de vida, o bem-estar dos colaboradores e, em adicional, trazer um ganho de produtividade e engajamento por meio da implementação de viagens de incentivo para participar de maratonas”, explica Juliana.

Assim, Juliana Oruê fundou a UniRun, capacitada para treinar funcionários de empresas como corredores de excelência (aliando técnica aplicada e uma metodologia de ensino eficiente) e levá-los a viagem de experiência e incentivo a provas de corrida de rua pelo país e pelo mundo.

Quando o negócio começou a decolar, com as primeiras companhias contratando a UniRun, veio a pandemia e impossibilitou o desenvolvimento das atividades nas empresas e das maratonas. “Nesse momento, achamos que teríamos que fechar a UniRun. Mas um dos profissionais de nossa equipe estava no Japão e contou que por lá, onde a pandemia chegou primeiro, a opção estava sendo a corrida virtual. Decidimos fazer isso aqui no Brasil também”, conta Juliana.

Em abril de 2020, a UniRun lançou sua primeira corrida virtual e, em maio, a primeira prova foi realizada. Desde então, o formato não para de crescer.